Uma das maiores pressões sobre o pessoal do Planejamento (PCP) e Supply Chain se dá quando existem produtos em falta, também chamados de “back order”, impactando o nível de serviço da empresa com seus clientes. Em contrapartida, ainda para complicar um pouco mais as coisas e para defesa do pessoal do PCP, a acuracidade do plano de vendas (forecast accuracy) não é preciso e não ajuda o pessoal que planeja a produção.
Este é um dilema clássico da indústria, tão conhecido e forte como conflitos tipo: vendas e marketing ou manutenção e produção.
Ao perdermos venda por problemas no nível de serviço, estaremos perdendo a oportunidade de gerar negócios e ainda pior, dando a oportunidade para a concorrência entrar e tomar uma fatia do nosso mercado (Market share), que pode ser uma perda muito maior que a imediata falta de produto e ser uma perda permanente ou de longo prazo. Portanto, é preciso estar muito consciente que tanto quanto a qualidade ou um custo competitivo, o nível de serviço tem que estar entre os grandes objetivos da área industrial.
Não se pode negligenciar o fato de que temos um complexo industrial dotado de recursos e que precisam ser bem gerenciados e produzir a visibilidade clara de como e o quanto estão sendo bem utilizados. Se tivermos uma visibilidade adequada, criamos a visão sistêmica e a oportunidade de cuidarmos da qualidade, dos custos e do nível de serviço, iniciando corretamente a jornada fundamental na direção da elevação da produtividade e de níveis de excelência para as melhores práticas. Com a importância da competitividade e globalização do mercado, é esperada e na realidade já amplamente observada a entrada cada vez maior de competidores estrangeiros com custos muito competitivos e com práticas e sistemas de gestão dos mais atualizados e avançados. Não se pode mais “brincar” com as ameaças de perda de mercado e de competitividade.
No dia primeiro de outubro de 2019, foi manchete de um dos principais jornais do Brasil (matéria de primeira página), o enorme problema que atravessa a indústria brasileira frente aos outros países industrializados. Uma das principais razões (obviamente são muitas e muito complexas) é a questão da produtividade, incluindo a falta de investimentos em novas tecnologias.
O pessoal do planejamento e controle de produção (PCP), além de se preocupar com o nível de serviço (back orders), deve, junto à área de financeira, se preocupar com o nível de absorção dos recursos disponibilizados. Se isto não for feito, partes dos recursos disponibilizados serão desperdiçadas e de forma simples consideradas “jogadas fora”, impactando negativamente o custo unitário dos produtos produzidos naquele período e a lucratividade/competitividade da empresa.
Precisamos lembrar que os custos existem e estão presentes, portanto “alguém” sempre tem que pagar a conta. Nesse caso, serão os produtos produzidos no período que há uma “sobra de recursos”. Vale sempre a pena abrir a discussão se não deveríamos processar alguma matéria prima que está em armazém para aproveitar esse recurso disponível. Obviamente a discussão deve considerar produtos de ALTO GIRO, produtos que sabidamente terão vendas se aproximando ou criaremos outros problemas, que podem ser: espaço de armazenagem, custo elevado de estoque de baixo giro, fluxo de caixa, entre outros.
Lembrando também que um produto com custo unitário elevado pode ser o motivo do baixo giro, isto é, falta de competitividade frente aos competidores e que se disponibilizado a um custo mais baixo, pode gerar oportunidades comerciais para venda e giro mais rápido do produto, mantendo uma margem adequada e competitiva.
De qualquer maneira, repetimos com estes exemplos a necessidade de uma visão global e sistêmica dos custos de produção e dos processos produtivos e que precisamos enxergar melhor o todo com objetivo de construir a melhor estratégia.
O que não parece razoável é não colocar o assunto em constante avaliação e discussão por falta de informação e perder a oportunidade de uma melhor gestão da produtividade.
Estes artigos são propositalmente “provocativos” para gerar uma reflexão do leitor, mas não pretende e nem tem a presunção de dar todas as respostas para os problemas, apenas dar uma direção ou uma forma mais sistêmica de identificar e encarar os problemas habituais que todo administrador de Operações Industriais se deparam diariamente.
A PGI Farma possui ferramentas e know-how de implementação de ferramentas de administração e melhoria de performance em Operações Industriais em diversas empresas grandes e oferece serviços de implementação à empresas que desejam melhorar os custos, aumentar a produtividade e otimizar suas etapas do processo produtivo.
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Por Izidoro Vignola e Roberto Darienzo